Juridiquê & cotidiano #5
Por muito tempo na história "anônimo" foi uma mulher - Virgínia Woolf. Sobre necessidade de renascimento. Corpos que mudaram. LSD e pessoas que já não são mais as mesmas. Bem-vindo, outubro. ❤
Para ler ouvindo Hermes Trismegisto E Sua Celeste Tábua De Esmeralda no Youtube
ilustração @pezones.revueltos
O que dizer de um mês que mal começou (alô, outubro! meu mês!) e eu já estou por aqui tentando me entender e entender minhas atitudes? Espero que eu não esteja sozinha nessa (alô, inferno astral), o que eu acho que, na linguagem dos psicólogos, deve esconder algum trauma infantil meu, mas o fato é: eu não consigo mais ficar tranquila enquanto me julgo inapropriada para o mundo. Sinto que todo mundo está tentando se entender e se não está, há algum problema muito maior escondido ou submerso por trás disso.
Talvez seja muito de misticismo ou sentimentos de não pertencimento. A vontade latente era mesmo de renascer. Renascer como uma mulher mais calma, mais feminina e perfeita (magra?), vivendo com uma aura de quem nunca sai do eixo e usa salto 15 até para ir à padoca às 7 da manhã. Mas, pensando bem, talvez os nossos desejos mais profundos já estejam “vivendo” na gente sem percebermos.
Sim, eu estive pensando muito sobre isso essa semana. De repente me vi com 10kg a mais do que eu considero aceitável para o meu corpo, sem tantas roupas femininas e delicadas, sem saltos incríveis, sem maquiagens ou sem saber o mínimo sobre técnicas de sombreamento ou contorno, sem nunca ter aplicado cílios postiços sozinha (sempre fui ajudada).
Outro dia vi uma influenciadora falando sobre A Lei do Gênero e isso aflorou mais ainda essa minha inquietação. Não tem nada a ver com ser homem e mulher ou gênero masculino e feminino, mas sim com os nossos lados masculino e feminino que todos temos, e a necessidade de entendermos e equilibrá-los dentro de nós.
Quando um lado está mais ativo e se sobressai em relação ao outro, temos problemas. O meu lado masculino e agressivo sempre esteve mais presente, e de um tempo pra cá, muito mais. Talvez seja por isso que eu sempre escolha tênis a saltos; prefiro me vestir de forma mais casual e confortável sempre que posso; não tenho vontade de ser mãe; não tenho tantas rotinas de autocuidado e beleza e também não sinto necessidade de ser carinhosa com outras pessoas. O jeito mais prático, direto que às vezes pode soar arrogante é algo de que preciso me atentar em ocasiões sociais vez ou outra.
A nossa energia feminina é cuidadora e acolhedora por natureza.
Por isso ando gastando tanto tempo pensando em maneiras de melhorar em relação à minha feminilidade, pois isso não é bobagem ou conversa da galera new age (me encaixo). Não é somente sobre emagrecer ou usar saltos, não me entenda mal. É sobre acolher esse meu lado que é bastante sensível e me permitir ser frágil quando necessário (spoiler: muitas vezes será). Me permitir descer desse pedestal de autossuficiência & fingir que não consigo abrir um pote qualquer e pedir ajuda. É sobre me permitir cuidar de mim e ter uma rotina que vá além de só puxar ferro na academia.
Enfim, isso não é e nunca foi uma questão de gênero, mas de construção e adequação social, que eu considero importante. As coisas são importantes à medida que existem e são replicadas tantas e tantas vezes que passam a ser vistas como naturais, e eu não tenho a menor pretensão de mudar o rumo de história alguma. Quero mesmo é passar um dia todo fazendo cabelo e unha num salão qualquer. E virar uma new e pretty woman.
Ou talvez seja só uma das fases da síndrome de impostora surgindo e me engolindo, mas eu prefiro acreditar nos ensinamentos de Hermes Trismegisto. A Lei do Gênero existe e pode salvar vidas, ou pelo menos te ajudar a tratar as pessoas com mais delicadeza e assertividade quando for preciso. :’)
😎 Links, muitos links:
A preocupação agora é como se vestir para sair às ruas depois de quase 2 anos de pandemia usando as mesmas quatro roupas rasgadas. Depois de nos acostumarmos com a rotina do home office e das reuniões com blusa social e calça de pijama por baixo, ninguém está preparado para usar roupas mais largas por conta da ansiedade acumulada nesse tempo dentro de casa, pois a fome também aumenta e o gasto calórico de caminhar do sofá para a cama ou para a mesinha de trabalho não é muito eficiente. A ansiedade do guarda-roupa pós-pandêmica é real: Com que roupa eu vou? Seguindo o fio: As marcas do confinamento são perceptíveis no nosso físico. Parece que envelhecemos uma década em pouco mais de um ano. Os corpos de pandemia mudaram, obviamente nossa mente também. Nossos olhos também estão mais cansados e a procura por oftalmologistas também aumentou exponencialmente. Eu fui uma que precisei aumentar o grau dos óculos.
Sobre como os psicodélicos tem ajudado a tratar os crescentes casos de depressão, ansiedade e síndrome do stress pós-traumático, incluindo estudos com evidências científicas de que, drogas psicodélicas clássicas e sem intervenções humanas - psilocibina, LSD, Ayahuasca, DMT — não causam dependência. E com a palavra, Michael Pollan: “De qualquer maneira agora temos evidências de que esse grupo de substâncias não tóxicas e não viciantes podem ser muito úteis no tratamento de diferentes transtornos mentais.” Veja na íntegra: Michael Pollan e os cogumelos mágicos.
Você tem o hábito de escrever? Diários, receitas, posts no instagram, pedidos de pizza pelo whatsapp, que seja? Mas mais do que isso, você tem o hábito de colocar seus sentimentos ou sensações no papel? Eu sempre tive, desde que me entendo por gente, a mania de concatenar ideias, escrever sobre minhas desventuras enquanto aprendo algo novo ou velho, e mesmo quando não tinha nada para falar, eu falava sobre o vazio. Durante o dia é mais fácil pra que eu consiga anotar minhas ideias, cuca fresca, brisa leve. Todo final de ano é ritual por cá comprar um diário (tanto que já ganhei de presente algumas vezes), estampado com o famigerado número do novo ano. 2021 foi um ano em que voltei a me conectar com o hábito de escrever todos os dias, e isso é lindo porque escrever é como fazer exercícios físicos, só nos faz melhorar com o tempo. Escrita é músculo. Veja mais sobre escrita matinal: Como o ritual das 'morning pages' pode ser a chave não só para o desbloqueio criativo, mas para doses de autoconhecimento.
O mantra do negacionismo namastê: aqueles que se recusam a se vacinar e acreditam que pensamentos positivos ou práticas saudáveis de yoga e afins podem curar qualquer doença. Confesso que acredito muito no poder da nossa mente, porém vacinas salvam vidas: e desinformação não.
Abra uma janela em algum canto do mundo e apenas observe: Aqui.
Nove Desconhecidos é surpreendente e você precisa assistir
A história se passa num spa fundado por Masha (Nicole Kidman) e seus funcionários, que são bem poucos, chamado Tranquillum e promete mudar completamente a vida dos que passam por lá. Tem toda uma aura hippie e extremamente zen, inclusive as vestimentas, os cafés da manhã regados a smoothies batizados e as atividades que vão desde meditação a procurar frutas na mata.
Logo nos deparamos com 9 desconhecidos e suas histórias, obviamente nada fáceis, à procura de alguma solução para suas vidas fracassadas ou desequilibradas. Não tardamos a perceber que a perfeição e namastezice de Masha esconde segredos e traumas, talvez uma certa pitada de psicopatia?- que só fazem a história ficar mais viciante.
Tratamentos alternativos como o uso de microdoses de psilocibina, um composto psicoativo que é produzido por cogumelos mágicos, e MDMA são introduzidos como um protocolo novo para curar depressão e outros vícios dos hóspedes. É uma grande mistura e essa mistura dá super certo.
Tá na Amazon e eu super indico.
Até a próxima sexta-feira! :’)